domingo, 30 de agosto de 2009

Dissertação de Mestrado - Paleovisuais de Salvador, Bahia

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Forte de Santo Antônio da Barra, reconstituição do início do século XVII, e em 2008
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A História da Paisagem Urbana da paisagem urbana se refere à trajetória do jogo entre espaço, paisagem e interferências humanas. Tomando o exemplo de Salvador, Bahia, desde 1501, quando da descoberta da Baía de Todos os Santos, até a atualidade, foram se dando diversas modificações, que intercondicionaram referências.
Incluem-se aí as percepções e descrições das antigas elevações, praias, vales, meio ambiente, e como foi sendo modificado ao longo dos séculos.
Esta Dissertação se apresenta trabalhando o trecho entre Ondina e a Barra e da Barra até Água de Meninos.
É de extremo interesse não só para os que transitam Salvador, mas para mostrar os passos de um resgate paleovisual.
Assenta-se, portanto, em aspectos de Geoarqueologia, Geologia, Urbanismo, Paleogeomorfologia, História, Arte, com foco para a orla da Cidade do Salvador, Bahia.
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Portas de Santa Luzia, visual provável no início do século XVIII, e, atualmente, transformada na Praça Castro Alves
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Sites para baixar a dissertação:
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http://www.4shared.com/file/128725760/b15adfa0/1_DISSERTACAO_Rubens_Antonio_PDF.html
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http://www.4shared.com/file/128725416/153e520b/2_DISSERTACAO_Rubens_Antonio_PDF.html
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Caso a Dissertação baixada pelos lins acima apresente problemas, baixar por este:
http://www.4shared.com/file/143747706/ef42bd45/Microsoft_Word_-_2_DISSERTACAO_Rubens_Antonio.html
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Título: "A INTEGRAÇÃO DE RECURSOS HISTÓRICOS AOS GEOLÓGICOS NO RESGATE DA CONSTRUÇÃO PALEOGEOMORFOLÓGICA E PALEOVISUAL LITORÂNEA - O CASO DE SALVADOR, BAHIA."
Ano de Obtenção do Mestrado: 2008.
Orientador: José Maria Landim Dominguez.
Palavras-chave: Paleogeografia; Paleogeomorfologia; História; Salvador; Bahia.
Grande área: Ciências Exatas e da Terra
Área: Geociências
Subárea: Geologia.
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sábado, 14 de março de 2009

“Prehistoric Coastal Environments in Greece: The Vanished Landscapes of Dimini Bay and Lake Lerna.” - por Zanger, 1991.

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A Hydra de Lerna decifrada: Malária.
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ZANGGER, Eberhard. “Prehistoric Coastal Environments in Greece: The Vanished Landscapes of Dimini Bay and Lake Lerna.” Boston (Estados Unidos da América do Norte): Boston University, Journal of Field Archaeology (r), v. 18, n. 1, p. 1-15, Primavera de 1991.
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Dois paleoambientes completamente desaparecidos da Grécia são um pântano costeiro na baía de Dimini, próximo a Volos, e um amplo lago próximo a Lerna, ao sul de Argos. As similaridades relacionadas às duas atuais paisagens costeiras devem-se às suas transformações durante o Holoceno. Ambas as localidades sofreram as atribulações de serem uma zona de falhas geológicas ativas, que desempenhou grandes influências em relação à topografia e conseqüências que modificaram contextos históricos.
Figura 1 - Mapa da planície costeira próxima a Volos, com localização de sítios arqueológicos. Quando Dimini se estabeleceu, no Neolítico tardio, o mar se localizava cerca de 3 km além dos seus limites atuais, continente adentro. Cerca de 3000 aC, na Idade do Bronze Inicial, a linha de praia já havia mudado demasiadamente, retrocedendo, entretanto, Petromagoula estava situada no litoral. Em 300 aC, as duas extremidades da longa muralha de Demetrias encerravam em praias. Os pontos em preto indicam perfurações, e a linha indica o a secção em corte da Figura 2

Figura 2 – Camadas geológicas reveladas pelas perfurações. Sobre a camada de rocha do embasamento, depósitos marinhos e lacustres, sobrepostos por depósitos depósitos continentais que indicam regressão marinha.

Com o retrocesso da linha da praia, próximo a Argos localizou-se o denominado Lago de Lerna. este se formou após as águas de uma antiga lagoa ter se separado do mar aberto por um cordão de areia. Chegou esse lago a atingir um diâmetro médio de cerca de 4.7 km na Idade do Bronze Inicial. Soterrado cada vez mais pela rápida deposição de sedimentos, seus remanescentes persistiram, entretanto, até o século XIX.
Estudos antropológicos mostram que as condições desse lago fizeram com que os habitantes das proximidades do pântano que começou a dominar o ambiente fossem atingidos severamente por malária no passado.
A malária seria, desta maneira, correlacionácel com a luta legendária entre Herakles e a Hydra de Lerna, em seu segundo trabalho.
A Hydra de Lerna - O segundo trabalho de Hércules - Pintura melanográfica helênica - século VI aC
As mudanças de situação em relação à fonte de recursos marinhos em associação a instalação condições desfavoráveis, em termos de saúde, devido ao favorecimento à disseminação da malária, uma doença perigosa, fizeram com que várias das localidades no em-torno fossem gradativamente perdendo atratividade e sendo abandonadas.
Reconstrução da amplitude do antigo Lago de Lerna.
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domingo, 8 de março de 2009

A Lagoa de Araruama, Rio de Janeiro, por Lessa (1990)


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LESSA, Guilherme Camargo. "Hidráulica e sedimentação do Canal de Itajuru – Lagoa de Araruama." Rio de Janeiro (Rio de Janeiro): Universidade Fededal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, março de 1990.
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Lessa (1990) assinalou ter a atenção sido chamada para a Lagoa de Araruama, Rio de Janeiro. A leitura de literatura histórica apontava que essa era atingida por navios de calado bem maior que o atualmente possível, através do canal que a ela dá acesso.
Não havia como entender essa entrada de embarcações com tal calado a partir da contemplação do seu estado atual.


Operação recente de dragagem e mapa batimétrico do canal de acesso à Lagoa de Araruama. - Rio de Janeiro

Partiu o autor para o resgate de dados e informações a partir de descrições textuais referenciadas na dimensão e calado de embarcações historicamente relatadas.
Conseguiu localizar mapas de 1574 e de 1862, os quais associou a as informações sobre essas embarcações.


À esquerda, a Baía da Guanabara, à direita, a Lagoa de Araruama, Rio de Janeiro.

Associou ao trabalho elementos trazidos da Geografia e da Geologia.
Sublinhando quais seriam as necessidades morfológicas daquele canal, em termos de largura e profundidade, para que pudesse comportar tais embarcações, incorporando-as às informações geocientíficas, aos paleomapas e aos documentos históricos, chegou a estimativas relativamente precisas do que foram a redução de área e profundidade, chegando-se ao grau de obstrução da barra e do canal de Itajuru, que dá acesso à Lagoa, desde o século XVI.


Mapa final de Lessa (1990), indicando as áreas perdidas no canal de acesso à Lagoa de Araruama, Rio de Janeiro.

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quinta-feira, 5 de março de 2009

Curso de Geoarqueologia? Do que se compõe?


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Como uma outra Ciência, há estruturação e sistematização do Saber em Geoarqueologia.
Os cursos de pós-graduação estão assentados no incremento de informações e saber, considerando especialmente a área a partir da qual os profissionais a que o curso se destina são oriundos.
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Por exemplo, o Curso pós-Graduação de Especialização Geoarqueologia, oferecido na colaboração entre o Instituto Português de Arqueologia e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, destina-se prioritariamente a arqueólogos que pretendam aprofundar conhecimentos em Geologia relevantes no contexto da Arqueologia. Daí seu foco em reforçar os conhecimentos nessa área, listando como obrigatórias as seguintes disciplinas:
- Minerais e Rochas
- Elementos de Geomorfologia
- Elementos de Cartografia Geológica e Detecção Remota
- Geocronologia
- Métodos de Prospecção
- Ambientes Sedimentares
- Tafonomia e Paleobiologia
- Pedologia
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Ementas:
- Minerais e Rochas
Estuda os principais minerais e rochas: formação, composição química e classificação. Aplicação ao estudo dos materiais/artefactos arqueológicos
Iíticos, cerâmicos e metálicos, incluindo a identificação da proveniência
da matéria-prima.
- Elementos de Geomorfologia
Processos geomorfológicos e formas unitárias resultantes. Processos
de meteorização. Modelados complexos; influência do clima, da
litologia e da estrutura; sucessões morfológicas e noções gerais de
nível base e ciclo de erosão.
- Elementos de Cartografia Geológica e Detecção Remota
Representação bidimensional do relevo; principais tipos de perfil topográfico;
análise e interpretação de cartas topográficas. Cartografia
Geológica; princípios de construção e análise. Introdução as técnicas
de campo. Fundamentos da Detecção Remota; técnicas de fotointerpretação
e imagens de satélite
- Geocronologia
Desenvolvimento e aplicações das técnicas de datação aplicaveis
aos últimos 5Ma. Métodos de datação radiométrica. Proxy-data.
Conceitos fundamentais de Estratigrafia Principais aspectos da
Ceo-História do Cenozóico, Cronologia e Estratigrafia.
- Métodos de Prospecção
Prospecção directa: poços, valas, sanjas e furos. Utilização dos
dados de prospecção geotécnica. Prospecqão geofísica: características
geofísjcas das alvos arqueológicos; aquisição de dados em
prospecção geofisica; fudamentos, potencialidades e limitações dos
diversos métodos.
- Ambientes Sedimentares
Caracterização sedimentar, morfológica e dinimica de ambientes
sedimentares com interesse em Arqueologia. Relaeo e enquadrarnento
dos modelados com os processos que Ihes deram origem.
Metodologias de análise e descrição textura1 e composicional de
sedimentos.
- Tafonomia e Paleobiologia
Fundamentos de Tafonomia. Formação de jazidas paleontológicas
e arqueológicas. Análise tafonómica de restos biológicos em contexto
arqueológico. Arqueozoologia de invertebrados e vertebrados.
Fundamentos de Paleoecologia.
- Pedologia
Noções básicas de pedologia; definições e conceitos; factores e
processos pedogenéticos. Classificação dos solos. Paleopedologia:
definições; tipos de solos e aplicações. Descrição dos sedimentos e
solos arqueológicos. Micromorfologia: conceitos e amostragem.
Estudo de casos.
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terça-feira, 3 de março de 2009

"O Passo das Termópilas - Grécia"

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John C. Kraft, Professor de Geologia e Geologia Marinha, George Rapp Jr., Professor de Geologia e Arqueologia, G. J. Szemler, Professor de História Grega Antiga, Christos Tziavos, geólogo e micropaleontólogo, e Edward W. Kase, Professor de História Antiga, realizaram e publicaram o trabalho:
"KRAFT, John C.; RAPP Jr,George; SZEMLER, George J.; TZIAVOS, Christos; KASE, Edward W.. “The Pass at Thermopylae, Greece.” Boston (Estados Unidos da América do Norte): Boston University, Journal of Field Archaeology (r), v. 14, n. 2, p. 181-198, verão de 1987."
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Neste, realizaram uma abordagem Geoarqueológica sobre o contexto do Passo das Termópilas, buscando o entendimento do que foi o momento da batalha travada em 480 aC entre os exércitos helênico e persa.
As Termópilas, do grego antigo Θερμοπύλαι, do demótico Θερμοπύλες, eram os "Portões Quentes" da Grécia. Uma estreita faixa de areia entre a água e as grandes elevações interiores da Grécia, que deveria ser ultrapassada por qualquer exército invasor que viesse do oriente.
Este trabalho aponta que os conflitos entre historiadores da Batalha tendem a se centrar em torno de supostas inconsistências entre antigas fontes e a topografia moderna da região. Essa área é um local submetido às mais intensa atividades tectônicas, flutuações do nível do mar e taxas de sedimentação elevadas.
As tentativas de se reconstituir os antigos eventos com base na topografia atual, sem um aprofundamento no que seria o estado do momento da batalha, resultavam ainda em muitas imprecisões e erros.
Este estudo envolveu a análise de sete furos de sondagem no Golfo de Malia, que revelaram a progressão da modificação do nível do mar, na área, com informações que foram agregadas a mapas antigos e análises geológicas mais amplas.
Os resultados mostram claramente que uma incursão marinha holocênica modificou consideravelmente a fisiografia nas Termópilas. Este trabalho reconstituiu a linha de praia para cerca de 4500 aC, 480 aC, 1800, 1830, 1878, 1950 e 1972, e examinou as variações na geomorfologia local.


Localização da linha de costa em vários momentos e situação do Passo das Termópilas, em 480 aC. (Kraft, Rapp Jr, Szemler, Tziavos, Kase, 1987)

As evidências geológicas e geomorfológicas sugerem que o passo das este fechado por longos instantes da história mais antiga, provavelmente tendo menos importância em tais momentos como rota para a Grécia meridional.


Fileiras de espartanos entre dois grandes paredões, no filme "300". Visão errada da situação real.


Exército persa avança por estreita faixa de praia. Visão próxima da real. Filme "300"

Quando da Batalha de 480 aC, ele se constituía em uma faixa de 20 a 30 metros de largura, na qual se acumularam entre 5.200 e 6.100 helenos, fazendo frente ao exército persa de cerca de 80.000 orientais. Desta maneira, a imagem que abre esta postagem está errada, ao mostrar um campo bem mais amplo que o historicamente real.


Localização da linha de costa em 480 aC e roteiro do início do flanqueamento persa. (Kraft, Rapp Jr, Szemler, Tziavos, Kase, 1987)

Atualmente, plano em que aconteceu a batalha está a cerca de 20 metros de profundidade, sepultado por sedimentos, principalmente carbonáticos.


Visual atual da antiga localização do Passo das Termópilas. O plano da batalha está a cerca de 20 metros de profundidade. Compare esta imagem com a anterior do exército pesa avançando. Perceba que as elevações ao fundo foram aproveitadas na digitalização do filme "300".

O recuo da linha do mar e a sedimentação provocaram o rápido alargamento da antiga faixa de terra a tal ponto que, quando da nova Batalha das Termópilas, em 191 aC, entre o exército de Antíocos III, dito Antíocos o Grande (Ἀντίoχoς Μέγας), e uma legião romana comandada por Manius Acilius Glabrio, aquele soberano preferiu assentar sua defesa não mais no mesmo ponto.


Reconstituição artística. Próxima ao real histórico do evento.
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Reprodução recente (1955) da pedra que repousou, com o epitáfio redigido por Simonides, sobre o monte dos corpos dos helenos mortos no Passo das Termópilas:
Ω ΞΕΙΝ', ΑΓΓΕΛΛΕΙΝ ΛΑΚΕΔΑΙΜΟΝΙΟΙΣ ΟΤΙ ΤΗΔΕ
ΚΕΙΜΕΘΑ ΤΟΙΣ ΚΕΙΝΩΝ ΡΗΜΑΣΙ ΠΕΙΘΟΜΕΝΟΙ
Vá, Estrangeiro, aos Lacedemônios dizer
que aqui, obedecendo a sua palavra, nós caímos
.”
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